O livro ao lado foi indicado por uma amiga e em geral tem muita ligação com o que falamos em psicanálise, no que diz respeito a viver o presente, visto que sobre o futuro não temos controle e o passado já se foi.
Se pararmos para pensar, é muito raro estarmos presentes realmente. Ora estamos preocupados com o que temos que fazer, ora estamos sofrendo ou em nostalgia por algo que passou.
O livro é excelente, com destaque para um capítulo que fala sobre os milhares de problemas que são causados nos relacionamentos por não estarmos presentes. Segundo o autor, estamos sempre tentando fugir do momento presente buscando uma salvação no futuro.
Neste sentido, idealizamos nossos relacionamentos não enxergando as pessoas como elas são e, com o tempo, os relacionamentos passam de algo “perfeito e maravilhoso” para algo sofrido, com discussões, brigas, chegando a casos de violência emocional e física. Isso porque o outro para de agir como gostaríamos e passa a agir como ele verdadeiramente é, só que como não estávamos presente no relacionamento, não percebemos.
Nestes casos, o outro não atende mais as nossas necessidades e o vazio anterior que sentíamos antes dele, volta a nos atormentar. Como pessoas metade que somos, sofremos.
Relacionamentos que começam com “amor” e transformam-se em momentos de ódio não são considerados amor verdadeiro. Escolhemos este outro apenas para preencher este vazio que sentíamos. O amor verdadeiro enxerga o outro como ele verdadeiramente é, e o ama mesmo assim, com seus defeitos e imperfeições.
Uma parte que considero muito interessante no livro é quando ele escreve “(…) os relacionamentos não causam sofrimento e a infelicidade. Eles trazem à superfície o sofrimento e a infelicidade que já estão dentro de nós”. Portanto, não podemos culpar o outro pelos nossos dissabores, se ainda somos metade que sempre precisa ser preenchida. Outra frase que destaco é “(…) o grande elemento catalisador para mudar um relacionamento é a completa aceitação do o outro do jeito que ele é, sem querer julgar ou modificar nada”. Se isso não é possível em um relacionamento, o verdadeiro amor também não será.
Quando paramos e pensamos no agora, percebemos que guardamos muito sofrimento e temos medo de enfrentá-lo, por isso estamos sempre buscando a nossa salvação no futuro, sem olhar para o nosso interior e sem perceber que só o agora pode nos transformar.
Guardamos nossos pensamentos negativos sobre nós e sobre os outros, nosso egoísmo, nossa negatividade, nosso orgulho, e esperamos que o outro transforme em luz essa parte escura que só pode ser iluminada por nós mesmos. Colocamos nossa felicidade fora, deixamos de lado nossas vontades e vivemos em função do outro, nos anulamos, não nos aceitamos. Se não somos completos e não conseguimos nos aceitar, como podemos exigir algo do outro? Como podemos manter relacionamentos onde queremos que o outro nos dê o que não conseguimos dar nem a nós mesmos?
Está na hora de abrirmos nossa afetividade para o agora, mudar o que podemos agora, amar agora, sentir agora, pois o amanhã não nos pertence. Se conseguirmos pelo menos algumas vezes ao dia viver o presente, perceberemos as pessoas como elas são, nos perceberemos como realmente somos e viveremos cada vez menos em um mundo de fantasias e ilusões.
Uma ótima semana de presença para nós.
Meditação
10. Se o ônibus atrasou, espere sem alterar o seu humor, compreendendo o inevitável.
Já li esse livro, sem dúvidas sofremos pelo passado e ficamos ansiosos pelo futuro, e o presente que é a única coisa que temos deixamos de viver com pensamentos que são apenas manifestações do ego e não da realidade. Muito boa a dica! O efeito Sombra também é outro excelente livro.
Isso mesmo Mirella, precisamos nos policiar para tentar viver o maior tempo possível no presente. Obrigada pela dica do livro.