Angustia e ansiedade: momentos que nos afastam do presente

Na maior parte do nosso dia vivemos pensando no que já foi ou estamos preocupados com o que vai ser. Nestes estados, temos angústia ou ansiedade.

A angústia está ligada ao desagradável e à baixa autoestima, podendo ser de passado (quando lembramos de algo ruim que nos aconteceu), ou de futuro (quando ficamos com medo ou insegurança de que algo de mal nos aconteça). Já a ansiedade é relacionada com o agradável e com autoestima elevada e também pode ser de passado (lembrança de algo bom) ou de futuro (esperança de que coisas boas aconteçam).

Na psicanálise, angústia e ansiedade são descritas como momentos psicológicos deslocados do presente, ou seja, em qualquer um destes estados, deixamos de viver o hoje, focamos no que já foi – e que não temos como mudar ou trazer de volta – e no que pode ou não acontecer, pois o futuro não nos pertence.

O grande problema é que o único momento que temos controle e que podemos viver e aproveitar as oportunidades da vida é o agora. A felicidade está no presente, a autoestima estável está no presente e a verdadeira vida também está no presente. Quando focamos no passado ou no futuro, sofremos e não conseguimos utilizar a nossa afetividade, com os cinco sentidos do amor.  Com estes sentidos fechados, podemos deixar de sentir o verdadeiro sabor das coisas, de ver as pessoas que estão ao nosso redor, de tocar uma flor no caminho de casa, de ter prazer no cheiro de um perfume no ar e de saborear uma refeição feita com amor.

Não fique preso a um passado que foi bom, mas que não existe mais. Abra os olhos e veja quantos caminhos a vida nos proporciona no hoje, e a escolha está em nossas mãos. Também não guarde no coração momentos ruins, mágoas, tristezas, decepções. Lembre-se que tudo que passamos, apesar de na maioria das vezes não percebermos, é e sempre será para a nossa evolução e crescimento. A angústia traz dor na alma e no corpo, apenas fazendo crescer os sentimentos tristes que alimentamos.

Da mesma forma, não se preocupe com o que há de vir. Cada dia já tem o seu próprio bem e aprendizado, o que virá será para sua melhora, preocupe-se apenas em se transformar hoje, para que o que chegar não te abale se for desagradável e te surpreenda se for feliz. A ansiedade nos faz criar expectativas desnecessárias, dependendo sempre do outro para satisfazê-las e nos fazendo sofrer quando não atendidas. Ela também maltrata nossa alma e corpo, nos transformando em reféns do futuro.

A mudança não é rápida, mas deve ser gradual e constante. Muitas vezes cairemos, mas levantaremos, como em todo processo de aprendizagem. Posso dizer, com meu próprio exemplo, que não é nada fácil, mas que se persistirmos, aos poucos, tomamos as rédeas da situação para viver o hoje, não como se fosse o último, mas como se fosse o único dia da nossa abençoada vida.

6 comentários

  1. Mais uma vez percebi que os seu textos só me fazem bem,me fazem refletir sempre.Obrigada.

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