Abusador ou abusado, você se identifica?

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Olá amigos do blog, sejam como sempre muito bem-vindos. Hoje quero falar sobre um tema que vem surgindo muito nas mídias, o relacionamento abusivo, mas vou abordar os dois lados da moeda, o abusador e o abusado.

Em primeiro lugar, não estamos aqui pra julgar ninguém, não sabemos das dores que cada um traz dentro de si, não sabemos dos vazios e traumas pelo qual possam ter passado. E não vou falar aqui do psicopata, e sim de pessoas que podem acabar se enveredando para um lado sombrio e que muitas vezes pode ser tratado e curado.

Pelo lado do abusado, geralmente temos pessoas permissivas, que têm uma grande necessidade de reconhecimento e/ou proteção, com traumas de abandono, baixa autoestima, sensação de não pertencimento e às vezes abusos sexuais. Passam a vida toda em busca de preencher um vazio, se tornam pessoas extremamente metades, colocando a felicidade fora e entregando-a na mão de quem puder, seja do jeito que for, “curar a ferida”. Só que isso não acontece nunca, nossas feridas nunca serão curadas pelo outro, nossos vazios nunca serão preenchidos pelo outro, e enquanto isso não for entendido, o abusado continuará permitindo a agressão, seja ela física ou psicológica, em troca de um pouco de carinho, atenção, reconhecimento.

Quando a “outra metade” está presente, ele se sente completo, mesmo que seja a base de migalhas. O abusado permite que um ciclo vicioso se estabeleça na relação, ele recebe o que quer, mas logo recebe agressões, depois recebe o que quer, e depois mais agressões. O problema é que a agressão psicológica pode acabar em agressão física e até em morte. E é o que infelizmente estamos ouvindo todos os dias na imprensa. 

Para que a relação continue, geralmente o abusado finge não ver a verdade, não acredita no que os outros falam, não enxerga os fatos, se coloca numa bolha e só enxerga o que quer. Por não dar conta de viver sem o seu objeto de amor/prazer, sente que vai morrer sem ele e então se contenta quando o parceiro ou a parceira lhe dá o mínimo, e foca nisso como se fosse a coisa mais maravilhosa do mundo, idealizando o outro e a relação entre eles. Com esse perfil, se colocam como vítimas em situações diversas, muitas vezes sendo esse um gatilho importante para despertar a ira no abusador.

Pelo lado do abusador normalmente temos pessoas agressivas, controladoras, ciumentas, possessivas. Podem ter sofrido horrores na infância, com cuidadores extremamente rígidos, situações de abuso sexual ou exposição antecipada ao sexo, perdas grandiosas, baixa autoestima e falta de confiança em si e na vida. Enxergam o outro como objeto de satisfação de todos os seus desejos, querendo que ele aja e seja como ele acredita ser o certo, os punindo quando agem diferente. A agressão verbal, psicológica e física são suas ferramentas, alguns usam todas, outros não. São pessoas sofridas, muito egocêntricas, possuem dores e sofrimentos que os machucam de forma absurda, porque têm mais dificuldade em lidar com as frustrações.

Muitas vezes o abusador nem se percebe nessa posição, acredita verdadeiramente em suas convicções e que está correto ao impor ao outro o que enxerga como ideal. Em grande parte dos casos, o abusador projeta no parceiro suas tendências primitivas, tornando o relacionamento cada vez mais dolorido para ambas as partes. Sim, ele também sofre, se tiver um pouco de nível de consciência ele sente culpa, se pune, tenta mudar, e de repente, volta tudo de novo. Ele também espera que o parceiro/a preencha os seus vazios.

Essa relação é uma relação de troca, onde de alguma forma inconscientemente todos acreditam estar ganhando, mas não. Todas os recalques e sofrimentos passados continuam encobertos e guardados, prontos para voltarem mais fortes a cada dia, tornando a relação mais e mais sofrida para os dois. Há cura, sempre há.

Para que esse padrão de relacionamento seja desfeito, ambos precisam de ajuda psicológica e às vezes medicamentosa. O processo é trabalhoso e dolorido, se libertar desse tipo de relação não é fácil, julgar é. Cabe a cada um de nós olhar para as nossas próprias feridas, verificar se de certa forma estamos sendo abusados ou abusadores em nossas relações, seja com filhos, pais, amigos e parceiros, etc..

É importante ter em mente que a cura é possível, mas é preciso primeiramente querer essa cura, mergulhar dentro de si e buscar os caminhos para o autoconhecimento e a autotransformação. Entender que nós somos os responsáveis pela nossa vida, pelas nossas escolhas e pelos caminhos que escolhemos trilhar. Entender que sendo abusado ou abusador não somos melhores do que ninguém, e que, agindo desta forma, nos machucamos e/ou machucamos os outros, e que o amor verdadeiro por si é o primeiro passo para o amor verdadeiro ao nosso próximo.

Um grande beijo no coração e até a próxima!

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